sábado, 25 de outubro de 2014

Butantã vai testar droga contra o câncer em humanos






 Foto ilustração



O Instituto Butantã entrou na reta final para os testes clínicos - com humanos - de uma nova droga contra o câncer produzida a partir de uma proteína encontrada na saliva do carrapato-estrela (Amblyoma cajennense). Os experimentos feitos com camundongos e coelhos, inteiramente concluídos, mostraram que a proteína levou à regressão de tumores renais, de pâncreas e do tipo melanoma, além de reduzir metástases pulmonares derivadas desses tipos de câncer.
De acordo com a coordenadora do estudo, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, o instituto está esperando autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes clínicos em humanos. "Confirmamos que a proteína ataca e mata as células cancerígenas sem oferecer risco às células saudáveis. Os testes pré-clínicos foram um sucesso e temos tudo pronto para termos um medicamento inovador para tratamento do câncer com menos efeitos colaterais", disse.
Segundo ela, as pesquisas foram iniciadas há cerca de dez anos no Laboratório de Bioquímica e Biofísica. Mas o impulso definitivo aconteceu em 2013, com a construção de uma nova infraestrutura, exclusivamente voltada para o projeto, financiada com recursos de mais de R$ 15 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O instituto conseguiu também parceria com a indústria farmacêutica nacional para realizar os testes. Segundo ela, o modelo de pesquisa e desenvolvimento traçado pelo instituto é um marco para a ciência brasileira. "Graças à expertise do instituto e à estrutura do laboratório, conseguimos produzir a proteína em biorreatores dentro das condições exigidas pelos órgãos reguladores e adiantamos os testes de estabilidade e toxicidade."
Assim, segundo ela, foi possível levar a pesquisa até um estágio tão avançado que a indústria se sentiu confortável para fazer uma formulação e tocar os ensaios pré-clínicos. "Com isso, acredito que conseguimos criar um modelo de desenvolvimento de novos fármacos viável para o País", disse. Transformar as pesquisas feitas na bancada dos laboratórios em produtos disponíveis no mercado, segundo ela, é um notório gargalo para a produção de novos medicamentos.

A Tarde/Conteudo Estadão



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