O ataque a Bruna foi o 59º no Estado desde que esse tipo de ocorrência passou a ser contabilizado, em 1992
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Do NE10
Cenas fortes do resgate da estudante paulista Bruna Silva Gobbi, 18 anos, vítima de ataque de tubarão na Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nessa segunda-feira (22), se espalharam pela internet horas depois do acidente. Acompanhando, através das imagens gravadas por populares, o socorro prestado à turista que veio a Pernambuco de férias, o cirurgião especializado em emergências João Veiga viu falhas no atendimento inicial. "Foi um procedimento extremamente equivocado, uma conduta que merece críticas. Há perda de tempo porque não foi feito de maneira esquematizada. Agora, já que não podemos mais resgatá-la da morte, temos que usar o exemplo para aprender", afirma.
OPINIÃO
» A busca por um culpado pelos ataques de tubarão no Recife
Bruna Gobbi iria voltar para São Paulo nesta quarta (Foto: Reprodução/Facebook)
Para o médico, algumas medidas poderiam ter minimizado a gravidade do estado de saúde da garota, que acabou falecendo aproximadamente 12 horas depois de ter parte da sua perna esquerda dilacerada por um tubarão enquanto tomava banho no mar com uma prima, também de São Paulo. "O bombeiro deveria ter feito um torniquete para evitar a perda de sangue logo quando saiu da praia. O procedimento correto também é agasalhar o paciente, aquecendo-o imediatamente, e colocar os membros para cima, com tronco e cabeça para baixo, para o pouco de sangue que sobra ir para o coração e a cabeça", explica. O cirurgião lembra que atendeu uma vítima de ataque de tubarão em Pau Amarelo, no Grande Recife, há dez anos com as mesmas características e, de acordo com ele, o torniquete feito por um amigo foi capaz de salvá-lo.
Nosso atendimento deve melhorar e aprender com esse caso para, mais adiante, não errar novamente
"Além disso, um paciente nesse estado deve ser levado imediatamente para um ambiente hospitalar, não pré-hospitalar, como ocorreu", acrescenta o médico. Depois de ser atacada pelo tubarão, Bruna Gobbi foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, também na Zona Sul, em uma viatura policial. Devido à gravidade dos ferimentos, a jovem precisou ser transferida para o Hospital da Restauração (HR), na área central, referência nesse tipo de atendimento em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com João Veiga, é melhor esperar o transporte adequado do paciente para a unidade hospitalar. "Às vezes, a remoção mal feita pode piorar o quadro. Sou a favor de aguardar o transporte, já que é uma conduta máxima do atendimento de urgência", explica.
Como assim "encontrar um culpado"? Quem entra num mar que tem tubarões, assume o risco. Não existem culpados!
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