Bruna estava visitando familiares em Recife
Estadão Conteúdo
A família de Bruna da Silva Gobbi, 18 anos, que morreu no final da noite de segunda-feira (22) depois de ter sofrido ataque de tubarão na praia de Boa Viagem, em Recife (PE), pretende processar o Estado. “A gente não tem nada contra os bombeiros, eles trabalharam o máximo para salvar Bruna”, reconheceu o tio da moça, Davi Leonardo Alves. No entanto, segundo ele, os guarda-vidas não alertaram o grupo em que ela se encontrava sobre o perigo de tubarão.
De férias em Recife, Bruna estava com a mãe Josete e mais dois parentes de São Paulo. Ela e primos se divertiam na praia de Boa Viagem na manhã da segunda-feira e um primo que adentrou mais no mar foi chamado e advertido por bombeiros sobre o risco de afogamento devido à corrente marítima.
“Os bombeiros nada falaram sobre tubarão”, confirmou Daniele Ariane da Silva Souza, também de São Paulo, enfermeira, que viveu momentos de pavor ao lado de Bruna, sua prima. Ela disse, no entanto, que ao sair da casa da tia onde estavam hospedados, em Olinda, receberam o alerta para terem cuidado com tubarão e o grupo chegou a fazer fotos de uma placa indicativa da presença do animal na área, próximo ao local do ataque. “Imagina um tubarão à beira-mar, imagina isso”, chegou a brincar Daniele, diante do que considerava uma impossibilidade, já que ela e Bruna se banhavam com água até à cintura.
Inconsolável, Daniele contou que ela e Bruna estavam próximas à faixa de areia quando, de repente, começaram a ser puxadas por uma correnteza. Sentiu se desgarrar da mão de Bruna e já não tomava pé. Manteve a calma e começou a boiar. Bruna se desesperou e ela ouvia seus gritos pedindo ajuda “me tirem daqui, me ajudem pelo amor de Deus”. Daniele estava a 50 metros da praia ao fundo e Bruna a 45 metros.
Daniele percebeu o jet-ski ao seu lado e um bombeiro lhe pedindo para subir, mas sem forças para ajudar, foi levantada e puxada por ele. Viu outros dois bombeiros na água tentando resgatar o grupo. Desmaiou. Ao voltar a si, na areia, viu que Bruna estava com a perna dilacerada. “Bruna parecia inconsciente, pálida, irreconhecível, suas pupilas não reagiam, era como se ela estivesse se apagando aos poucos.”
Bruna foi levada em uma viatura da Polícia Militar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro da Imbiribeira, na zona sul, porque, de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Eduardo Casanova, a ambulância solicitada não chegou logo devido ao trânsito e eles acharam melhor não perder tempo. De lá uma ambulância a levou ao Hospital da Restauração, a maior emergência do Estado, onde se submeteu a cirurgia e teve a perna esquerda amputada na altura da coxa. Às 23h30 ela faleceu, na UTI.
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